Brasil: Um país de cotas



Na última segunda-feira, 09 de junho, a presidente Dilma Rousseff sancionou a lei que reserva 20% em cotas para negros ou pardos em concursos públicos da administração federal. O candidato declarado negro ou pardo concorre tanto para a vaga de ampla concorrência quanto às reservadas para cotistas.
Outra lei que fornece direito de cotas, é a Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012, conhecida por Lei de Cotas. Esta lei obriga as universidades, institutos e centros federais a reservarem para candidatos cotistas 50% das vagas. São considerados cotistas, os candidatos que concluíram o ensino médio em escolas públicas ou Educação de Jovens Adultos (EJA) ou tenham obtido certificado de conclusão do ensino médio pelo ENEM.
A questão das cotas abrange inúmeros problemas, um deles esta na forma de fiscalização das mesmas. De acordo com a Ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros, não haverá comissão específica para apurar se a declaração do candidato foi falsa. Acreditem, irão trabalhar com a hipótese de que denúncias serão feitas por outros candidatos.
De acordo com Dilma “a sanção da lei de cotas no serviço público federal é mais uma oportunidade de mostrarmos ao mundo o orgulho e respeito que temos pela diversidade da nossa nação, da celebração da diversidade racial de nosso país”. O que nossa presidente se esquece, é que no Brasil, as cotas raciais não só consolidam as categorias raciais, mas as fazem literalmente existir. Aconselho aos leitores lerem a Carta de Cento e Treze Cidadãos Antirracistas Contra as Leis Raciais (http://www.petitiononline.com/antiraca/petition.html).
Tanto a Lei de Cotas quanto a lei sancionada por nossa presidenta no último dia 09, possuem 10 anos de legitimidade. O fato de possuir validade pode ser uma luz no fim do túnel, pois entende-se que existe a ideia de que no futuro isso não será mais necessário. No entanto a educação pública continua sem mudanças efetivas para a melhoria do ensino oferecido, mas algo deve ser dito, a culpa não é somente do governo. A culpa é também do descaso e falta de respeito dos estudantes, que vêm a escola como algo ruim e não como o seu futuro, a sua vida.
Esperamos que o próximo governo não dê continuidade a políticas que, elas sim, são causa de racismo e olhe para o real problema que esta na cultura falha de nosso país e em um sistema educacional que ainda precisa melhorar muito. Cotas não são inclusão social, são a separação entre classes e raças, ao invés de torná-las iguais.

Comentários

  1. Rafael, tentei o vestibular duas vezes para direito e não passei, se não passei é por não ter condições, agora já existe também um sistema de cotas para deficientes, meu caso.
    Poderia eu aproveitar-me disso e entrar numa faculdade através de cotas, mas considero isso um preconceito contra mim mesmo, por ser inválido achar que tenho mais direitos que os outros, minha filha passou no vestibular da UFSC e muito bem, sempre estudou em escola pública, nunca fez cursinho ou pré vestibular, mas quase perdeu sua vaga para os cotistas, na frente dela entraram 40 cotista e por pouco não ficou de fora.
    Sistema de cotas não passa de uma assinatura de incompetência, e a causa de alunos pobres não entrarem na Faculdade, sejam eles, negros, pardos, brancos, verdes ou azuis, é o ensino público de péssima qualidade, uma estrutura falida.
    Abraço!

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