Bolsa Família


Um dos maiores programas sociais do mundo, que recebe críticas e elogios, pode realmente ser a solução para auxiliar a saída da população que ainda vive na miséria. Por outro lado, também pode se tornar um meio para que os beneficiados com o programa se sintam mais acomodados, com a certeza do dinheiro que irá ser retirado todo mês sem ter de se preocupar.
O programa Bolsa Família é bom, mas é importante que a população beneficiada entenda que o Bolsa Família deve ser uma ajuda temporária para um momento difícil e não um “dinheirinho a mais”. Outro ponto muito importante é o que diz respeito a frequência escolar dos filhos das pessoas beneficiadas. Em setembro de 2007, uma pesquisa encomendada pelo Ministério do Desenvolvimento Social revelou que o incentivo do Bolsa Família não significou melhora no aproveitamento escolar de dez milhões de alunos de família beneficiadas. As faltas às aulas foram reduzidas em 37%, mas sem impacto no desempenho geral dos alunos. A não melhora no aproveitamento escolar pode ser vistos por dois lados, um é a péssima qualidade de ensino público no país e outro é que os alunos vão à escola apenas para garantir a continuidade do crédito recebido pelos pais.
Um dos pioneiros na implantação do Bolsa Escola, programa que deu origem ao Bolsa Família, o atual senador Cristovam Buarque (PDT-DF) foi enfático em uma entrevista à imprensa, em críticas ao atual programa de distribuição de renda do governo federal. Segundo Buarque, ao retirar a palavra "escola" do programa, o governo tirou a ênfase dada a educação, princípio básico para o desenvolvimento econômico e social de pessoas carentes. A transferência da gerência do programa da pasta da Educação para a do Desenvolvimento Social, segundo Cristovam, é uma mostra da visão puramente assistencialista:

“Colaborou para isso o fato de o Lula ter tirado o nome ‘escola’ do Bolsa Escola. Quando criei esse nome, havia um objetivo: colocar na cabeça da população pobre que a escola era algo tão importante que ela ganharia dinheiro para o filho estudar. O Lula chegou e disse: ‘A pobreza é uma coisa tão preocupante que você vai ganhar um benefício por ser pobre’. Deixou de ser uma contrapartida para a ida do filho à escola. Essa contrapartida não é cobrada com a devida ênfase. A coisa amoleceu quando Lula tirou o programa do ministério da Educação, onde o Fernando Henrique tinha colocado, e levou para o ministério do Desenvolvimento Social.”

Programas como o Bolsa Família podem dar certo, mas uma pergunta muito importante tem de ser respondida da maneira certa: O povo brasileiro tem maturidade suficiente para compreender tais programas? Enquanto a resposta para essa pergunta for negativa continuaremos a não conseguir solucionar problemas como o da pobreza e o da educação.

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