Independence Day


Hoje comemoramos mais um aniversário da independência do Brasil, declarada em 1822 por Dom Pedro I. Independência essa ainda hoje motivo de dúvida e de fato, questionável, afinal somo ou não independentes?
Quando a corte portuguesa se estabeleceu no Rio de Janeiro em março de 1808, ao lermos os livros de história é creditado ao rei a abertura dos portos à todas as nações amigas, sendo uma somente, a Inglaterra. Esse ato, que apenas marcou o fim do monopólio português e iniciou o monopólio inglês, foi um aperitivo do que seria a história do Brasil. Uma consecutiva troca de donos.
Mais tarde, em 1822, no dia que hoje comemoramos, foi declara a Independência em termos teóricos, uma vez que nosso país ainda era extremamente débil em seu sistema de produção e continuava totalmente dependente do excedente inglês. Os anos se passaram, a República fora declarada, mas o Brasil permanecia semelhante a uma colônia.
Após a ascensão norte-americana, mudamos de dono mais uma vez, dos ingleses para os norte-americanos. Durante os governos de Getúlio Vargas, vimos este se esforçando para transformar nossa indústria e nos tornar menos dependentes dos países hegemônicos. Juscelino Kubitschek nos fez avançar um pouco mais, porém ficamos rendidos as vontades das montadoras que derrubaram até mesmo gênios brasileiros como João Augusto Conrado do Amaral Gurgel. Provando que de independentes temos apenas a faixada.
Como escreveu Florestan Fernandes em A Revolução Burguesa no Brasil, os países hegemônicos (Alemanha, Inglaterra, França e EUA), perceberam a importância do Brasil – em especial seus recursos naturais – ainda no século XIX e encontraram formas de aprimorar uma espécie de “indirect rule” (administração indireta), para manter o Brasil em uma situação de dependência econômica externa.


No período militar não foi diferente, as obras faraônicas e o Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), só foram possíveis graças a vultuosos empréstimos junto ao FMI e ao BIRD, o que nos mantinha reféns das exigências de tais instituições e aumentou de forma substancial nossa dívida externa. Isso apenas na área econômica, não se faz necessário citar a influência norte-americana que prevaleceu em nosso país durante esse período.
A ditadura acabou, temos de volta a democracia, desde então presidentes entraram e saíram e qual é o quadro atual? Temos dois, um pintado pelos governantes, que mostra um Brasil forte, produtor, exportador, indústria robusta e uma cultura fabulosa. O outro, pintado pelas mãos da verdade, mostra um país que ainda se rende a grandes empresas internacionais e afoga com uma bola de concreto amarrada aos pés, os produtores nacionais. Admirando a tela, podemos ver ainda uma economia frágil, um pouco pintada por uma maquiagem fraca que possibilitam ver suas falhas, taxas de exportação elevadas e uma abertura desleal à entrada de mercadorias importadas. Enquanto isso, no canto esquerdo da tela, as indústrias vão mostrando mês a mês índices de baixa contínuos e preocupantes.
A cultura também foi retratada, um pouco confusa, uma cor meio fosca, não se sabe se negra ou branca, versos de Vinicius de Moraes que exaltam a beleza feminina se misturam a mulheres chamadas “feministas” que dançam o funk que degrada a imagem da mulher.
Um país onde o produto importado tem bem mais valor e significado que aquele aqui produzido. A cultura norte-americana e a vontade de querer morar “lá no exterior”. Nossos cérebros mais desenvolvidos são comprados como mercadoria para produzir à serviço de outros países e parece que tudo o que precisamos encontramos fora daqui, quando na verdade foi produzido por cérebros daqui. 
Afinal, acho que somos independentes.

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